O Tal Podcast é um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização.
Para percorrer sem guião, com uma nova conversa a cada semana, sob condução de Georgina Angélica e Paula Cardoso.

COM O DISTINTO APOIO DE:

Brooklyn Lisboa

Season 1

Uma Abertura

Lara Mesquita

Kwenda Lima

Henda Vieira Lopes

Kathy Moeda

Dino D'Santiago

Flávio Gonçalves

Kady

Paulo Pascoal

Uma Temporada


Season 2

Luana Cunha Ferreira

David J. Amado

Gisela Casimiro

Mirza Lauchand

Cláudia Oliveira

José Semedo Fernandes

Isabél Zuaa

Carlos Pereira

A Segunda Temporada

Como se faz um podcast?


Season 3

Abdel Camará e Lúcia Correia

Bárbara Wahnon

Gino Esteves

Solange Dias

Fábio de Pina

Carla Santos

Salvador Pereira

Lura

Pedro Barbosa

Elisabete Moreira de Sá

Don Kikas

LIVE: Cláudia Semedo

Ana Sofia Martins


Season 4

Ana Marta Faial


Season 4

O bem-estar da família veio sempre em primeiro lugar. Por isso, quando a sua carreira de manequim estava bem encaminhada para seguir um rumo internacional, Ana Marta Faial priorizou a maternidade. “Tinha pessoas mais importantes; coisas mais importantes do que ir para fora”, conta neste episódio, em que revisita a infância e adolescência em Angola, e desconstrói padrões familiares de relacionamento.Sem tabus, a antiga modelo partilha a violência que sofreu na última relação, tão abusiva que chegou a temer pela vida. No início, porém, revela Ana Marta, múltiplos sinais contrários foram mascarando a realidade, e bloqueando a consciência das agressões psicológicas. Entre altos e baixos vividos ao lado de um narcisista, num dia-a-dia em que gestos de afecto contrastavam com ciclos de humilhação, a presença e apoio dos filhos revelou-se – e revela-se – fundamental. “Ninguém é forte o tempo todo”, sublinha nesta conversa, em que antecipa o lançamento de um livro, e percorre os tempos de manequim, quando ‘desfilava’ num mundo só de meninas brancas, com o rótulo’ de “Ana Preta”.

Nascida no Cubal, município da província angolana de Benguela, Ana Marta Faial viveu aí a infância e adolescência até se mudar, aos 18 anos, para Portugal. Na altura já casada e mãe, fixou-se em Trás-os-Montes, onde o frio agravou o impacto da mudança, mas não lhe congelou os movimentos. Pelo contrário, foi em território luso que a angolana “descongelou” o velho sonho de se tornar manequim, cumprido sem descurar as exigências da educação de dois filhos menores.Apesar da entrada tardia no mundo da moda, foi distinguida como “Manequim do Ano”, em 1986. Até hoje reconhecida pelos dotes de passerelle, a ex-modelo tem colocado a sua experiência ao serviço da formação de novas gerações. Hoje com 66 anos, além de formar manequins, e juntar a sua assinatura profissional às marcas Elite Model Look Angola, Cabo Verde e Moçambique, Ana Marta conjuga talentos de artista plástica com os de designer de moda.


Season 3


Da projeção à notoriedade, Ana Sofia Martins traça distâncias. Quão longe fica uma realidade da outra? Que caminhos se atravessam entre os dois pontos? Aos 37 anos, com muitas perguntas e respostas ainda por encontrar, a atriz faz questão de mergulhar numa busca por si própria. Afinal, quando se assume precocemente a responsabilidade de cuidar dos outros, que tempo e espaço sobram para reconhecer e acolher as próprias necessidades?Consciente de que tem carregado um fardo que não lhe pertence, a atriz vem-se libertando de pesos do passado, processo que tem envolvido muita experimentação, e questionamento. “Será que gosto disto?”. Ao encontro da pessoa que é, Ana Sofia conta que deseja retomar a via da escrita, e partilha os desafios de se tornar a sua melhor amiga. Entre aprendizagens, também revela como chegou a um destino que não imaginava para si: o de mulher casada.

O cabelo afro, solto de alisamentos e outros constrangimentos à sua natureza, tornou-se a sua imagem de marca, com a qual fez carreira na moda. Primeiro em Portugal, e depois lá fora, Ana Sofia Martins participou em várias campanhas internacionais, e chegou mesmo a viver em Nova Iorque. Já depois do sucesso e reconhecimento como modelo, Ana Sofia estreou-se na apresentação, nos ecrãs da MTV Portugal, experiência que antecedeu a aposta na representação, e logo numa das produções de maior sucesso da TVI: a novela “A Única Mulher”.Firme na carreira de atriz, continua a somar papéis, no mercado nacional e além-fronteiras, sem nunca descurar a consciência social. Além de emprestar a voz a várias causas, é madrinha da “Casa Nova”, morada de acolhimento para crianças e jovens dos zero aos 18 anos. Também dá a cara pelo projeto Bullying.pt.


A nossa primeira gravação ao vivo contou com a participação especial da atriz, diretora e ativista Cláudia Semedo.O evento aconteceu no Sábado, 13 de julho de 2024, às 20h, no prestigiado Café Brooklyn, na Praça da Alegria em Lisboa.Cláudia Semedo, nascida em Oeiras em 1983, é uma figura proeminente no teatro, televisão e cinema português. Formada em Teatro pela Escola Profissional de Teatro de Cascais e licenciada em Jornalismo pela Escola Superior de Comunicação Social, Cláudia é presidente da Companhia de Actores desde 2017 e diretora artística do Teatro Municipal Amélia Rey Colaço. Além da sua carreira artística, é conhecida pelo seu papel ativo na defesa de uma sociedade mais inclusiva, seja integrada no Grupo de Reflexão para o Futuro de Portugal, seja inserida na Campanha Nacional de Prevenção e Combate ao Racismo, iniciada pela ex-Secretária de Estado para a Cidadania e a Igualdade.

As imagens testemunham o ambiente de festa que se viveu, com casa cheia, e a presença de várias pessoas que já lhe demos a conhecer por aqui, e outras que ainda teremos a oportunidade de lhe apresentar, nas próximas temporadas.
Além do elenco de convidadas e convidados, tivemos a felicidade de contar com a presença de um pequeno núcleo de subscritores desta newsletter, que se inscreveram para participar.
Muitos outros ficaram de fora, porque os lugares eram limitados, mas, em breve, daremos notícias sobre como ter acesso a essa conversa.


Perdeu o pai aos 12 anos, e, com 13, já estava a viver fora de casa, na cidade do Lubango. A emancipação precoce sugere um qualquer corte familiar, mas, na história de Don Kikas, essa leitura não poderia estar mais equivocada. Ancorado na família, o músico aponta como a mesma tem sido um apoio fundamental na sua trajetória. A ligação é de tal forma especial, que numa viagem de trabalho ao Brasil, o artista recuperou – como que por milagre – “peças” paternas perdidas na infância.A experiência, digna de encontros e reencontros de novela, é relatada pelo cantor com memórias de choro, que lhe recordam a sua dificuldade de se emocionar até às lágrimas. Tudo isso e muito mais deverá sobressair na sua autobiografia, projeto que, segundo conta, o obrigou a embarcar numa pesquisa dentro de si próprio. Hoje com 50 anos, o angolano é bastante elogiado pela jovialidade, que, diz, é conservada a partir da consciência de que o envelhecimento apanha quem já não se encanta como nada, e está sempre a desvalorizar as coisas. Longe disso, Kikas vive com a curiosidade de quem abre um coco pela primeira vez. Literalmente.

Com 30 anos de carreira em cinquenta de vida, Emílio Costa, mais conhecido por Don Kikas, encontrou na música caminho e, ao mesmo tempo, destino. Nascido em 1974 na cidade do Sumbe, em Angola, cedo revelou veia artística, especialmente estimulada no Brasil, onde passou parte da infância. A sua história foi musicalmente impulsionada a partir do álbum “Pura Sedução”, de 1997, conforme Kikas assinala numa mensagem de divulgação do concerto que, a 25 de outubro vai celebrar, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, as suas primeiras três décadas de espetáculos.“A música ‘Pura sedução [inserida no disco homónimo] tornou-se imediatamente um hit absoluto em todos os países dos PALOP, e suas diásporas espalhadas pelo mundo”, publicou o cantor no Facebook, lembrando que em Portugal o trabalho foi “disco de prata”. Já em Angola, Kikas nota que o tema “Esperança Moribunda” converteu-se num “hino na boca do povo”, tendo sido eleito “Música do Ano” pela Rádio Nacional de Angola. De sucesso em sucesso, as portas de vários mercados abriram-se – nomeadamente de Cabo Verde, Moçambique, EUA, Holanda, França, Macau, Luxemburgo e Suíça –, e, com elas, Don Kikas ganhou mundo.


Que histórias contamos a nós próprios? Como nos vemos, a partir dos lugares de onde vimos? Na Quinta da Princesa, um dos bairros mal-afamados do concelho do Seixal, Elisabete Moreira de Sá começou por encolher perspetivas, encerrada numa vida de impossibilidades, até começar a alargar o olhar.  Foi então que ‘saiu da ilha’ para ganhar o mundo, viagem que lhe tem permitido SER, independentemente do que possa parecer.“Estava a tentar provar o meu valor a partir de um lugar que não era meu”, conta neste episódio, guiando-nos pelos caminhos que a conduziram a casa. Ou seja, à descoberta de si, e encontro com a sua ancestralidade e espiritualidade. O mergulho interno, excruciante em dores, permitiu confrontar velhas feridas, desfazer nós de identidade e selar novos compromissos. Com amor-próprio e autoconsciência, para que o copo da vida permaneça cheio.

Já trabalhou como assistente de bordo, locutora de rádio, consultora na área empresarial e apresentadora de televisão. Mas foi ao criar a Kacau, marca especializada em lingerie e acessórios cor de pele, que se encontrou. Formada em Relações Públicas e Comunicação Empresarial, Elisabete Moreira de Sá declara-se também “apaixonada pela vida e pelo desenvolvimento pessoal”.Filha, irmã, mãe, esposa, amiga e empresária, junta ainda a esses papéis o de facilitadora de círculos femininos, empenhada em guiar mulheres numa jornada de reconexão e realinhamento, que permita resgatar poder pessoal.
A “Jornada da Rainha”, conforme descreve, começou na sua própria história, transformada a partir da maternidade, e da sua ‘marca-causa’. Fundada em 2021, em Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro), a Kacau dá resposta a uma dor pessoal, alargando os tons de pele que vestem o mercado de roupa interior.


Cultuar, maternar, divinizar...seja qual for o verbo, Pedro Barbosa conjuga tempo e espaço com Amor. Afinal, lembra-nos, os nossos ancestrais “não tiveram tempo para amar”, mobilizados para sucessivas lutas de resistência contra planos de genocídio que, ainda hoje, ameaçam a nossa existência. Por isso, sublinha o presidente da Associação Amor, importa continuar a resistir, nomeadamente contra o branqueamento das religiões de matrizes africanas. Iniciado no candomblé na adolescência, o hoje líder espiritual defende, neste episódio, a urgência de homenagearmos a nossa ancestralidade, amando sem culpa, e sonhando sempre em coletivo.“Durante muitas gerações, não foi possível amar”, insiste Pedro, para quem devemos agarrar essa possibilidade em todas as suas formas. Afirmando e reafirmando: “Eu sou o sonho dos meus ancestrais”.

Produtor cultural, poeta, jornalista e pesquisador das religiões de matrizes africanas, Pedro Barbosa é também presidente e líder espiritual da Associação Ilé Àṣẹ Ìgbà Mérìndínlógún Ọ̀ṣùn Cultural Beneficente e Religiosa, mais conhecida como Associação Amor. Integra igualmente a Diretoria do Departamento de Cultura da Casa do Brasil de Lisboa, e foi um dos rostos da campanha “É fixe o que as pessoas migrantes trazem na mala”, inserida no projeto #Migramyths - Desmistificando a Imigração.Esta é uma área que sobressai na sua história e intervenção social, destacando-se, neste âmbito, a ligação à iniciativa “Migrante Participa em Sintra – Caminhos para a Igualdade e Participação”. Através dela contribui para a promoção de espaços de partilha de experiências e conhecimentos sobre temáticas que envolvem a comunidade migrante residente nos territórios de Algueirão-Mem Martins e Queluz e Belas, com foco nas questões de género.


Na vida de Lura, há um antes e depois da maternidade, que transporta força revolucionária. Mãe da pequena Nina, a cantora partilha, neste episódio, as maravilhas e os desafios dessa viagem, iniciada de forma profundamente consciente. “A minha filha é a prioridade, e depois organizo a vida em função dela”, conta, acrescentando que, por mais contraditório que possa parecer, essa é uma vivência que lhe trouxe mais liberdade.De que forma? Lura explica, numa conversa recheada de memórias, desfiadas com múltiplos significados. A começar pelo momento do parto, em que se renovou de energia para entoar o sucesso "Na Ri Na". Confortável na pele de leoa, signo que lhe cabe no Zodíaco, a artista garante que quando se trata de proteger a sua cria, não há medo que a trave. E isso torna-a, a cada dia, mais consciente da sua potência e poder feminino.

Estreou-se na música com o álbum “Nha Vida” (“Minha Vida”), em 1996, e nunca mais parou. Nascida em Lisboa em 1975, filha de pais cabo-verdianos, Lura tornou-se rapidamente um caso de popularidade, o que lhe deu acesso aos principais palcos e aos maiores nomes da indústria musical. Com destaque para Cesária Évora, a eterna “diva dos pés descalços”, parceira em múltiplos concertos.O sucesso, impulsionado também a partir do dueto "Mulemba Xangola", que interpretou ao lado de Bonga, ganhou dimensão internacional com o álbum “Di Korpu Ku Alma” (“De Corpo e Alma”), de 2004, eternizado pelo hit "Na Ri Na". Duas décadas depois, esse continua a ser um dos temas-estrela de Lura, que, em 2023, lançou o seu sétimo álbum, intitulado “Multicolor”. Gravado em tons de humanidade.


“A mente mente-nos porque não sabemos ler o nosso corpo. Não nos ouvimos”, aponta Salvador Pereira, lembrando que através do silêncio percebemos muita coisa. “Faço muitos experimentos em mim”, conta o nutricionista, adepto, entre outras ‘experiências’ do jejum e da Terapia da Escuridão. Com que resultados? Vamos descobrir durante este episódio, onde a espiritualidade é vista como uma tecnologia, e os caminhos entre a comunidade e a sociedade se revestem de encruzilhadas.Habituado a circular num e noutro mundo, demarcados por marcas culturais, Salvador não tem dúvidas sobre a sua pertença comunitária. Enraizada na Guiné-Bissau onde, aos 22 anos, cumpriu o Fanadu: ritual de passagem à idade adulta. Enquanto planeia o regresso ao território guineense, revê em si próprio um curador ferido, que ao curar as pessoas também se cura.

Nutricionista clínico e massoterapeuta, Salvador Pereira recebe-nos com votos de leveza: “Sê leve, sê corpo de alma leve”. A mensagem acompanha a sua apresentação no Instagram, canal através do qual partilha conhecimento sobre saúde e bem-estar, incluindo receitas e dicas sobre benefícios e malefícios dos alimentos.A par das aprendizagens sobre nutrição – prato forte da sua página Light Soul Nutrition –, Salvador proporciona a quem o segue muitas reflexões de vida, publicadas sob a identidade Khor. No final de Maio, por exemplo, o nutricionista lembrava que “a tecnologia não substitui o calor de um abraço ou a alegria de uma conversa frente a frente”, e assinalava que “as relações humanas autênticas são a base de uma vida plena”. Importa, por isso, nutri-las: “o verdadeiro progresso está em evoluir como seres humanos, em harmonia com a natureza e os outros, criando uma sociedade mais justa e feliz, onde o valor da vida é celebrado diariamente”.


“Tudo aquilo que tens de fazer é com amor. Só assim tem valor”. Mais do que citar as palavras da avó materna, Carla Santos dá-lhes vida com as suas escolhas e ações. A herança familiar é um dos temas que percorremos neste episódio, não apenas a partir das lições ancestrais, mas também dos laços que se transformam em nós, muitas vezes tão apertados que parecem impossíveis de desatar.Do stress pós-traumático do pai, consequência da vida militar, às aprendizagens do desporto, via de formação, passando pelas ‘amarras’ de uma relação romântica tóxica, haverá traços de continuidade para reconhecer e desfazer? Como podemos recuperar de situações de mutilação emocional? Além de conversamos sobre o poder que emerge da capacidade de acolhermos as nossas sombras, falamos sobre a necessidade de desapegar, libertando-nos de ligações que nos limitam, e de pesos que não nos pertencem. Para seguirmos mais livres.

Licenciada em Antropologia, e com uma pós-graduação em Gestão de Projetos, Carla Santos é master coach, certificada pela European Coaching Association, e também consultora especialista em migrações. Nascida e criada no Catujal, localidade do concelho de Loures, Carla desenvolveu aí a veia e o calo ativistas, primeiro numa associação juvenil criada com alguns amigos, e depois no trabalho com populações imigrantes.A intervenção comunitária, orientada para dar resposta às necessidades de grupos vulneráveis, conduziu-a à criação da própria empresa: a Capacitare. Pelo caminho, recebeu a distinção de Embaixadora da Paz. Assina ainda, em co-autoria, o livro “Descendentes de Imigrantes: um Lugar na Sociedade Portuguesa”.


Profissionalmente bem posicionado como especialista em felicidade, Fábio de Pina forçou o sorriso até ao limite da depressão. Admitir que se sentia profundamente infeliz, quando ganhava a vida a promover o bem-estar de outras pessoas, tresandava a fraude. Por isso, enquanto via o casamento ruir, e com ele, a construção familiar que sempre sonhou ter, Fábio simulou felicidade. Acabou por mergulhar numa espiral de sofrimento, processo que quase lhe custou a vida, e sobre o qual fala abertamente neste episódio.Hoje defende a importância de trabalharmos a infelicidade dentro das empresas, e assume o compromisso de fazer o tempo contar. Em especial quando está com a filha, procurando ser o pai afetuoso que não teve, mas sempre quis ter. Consciente dos desafios emocionais que enfrenta, Fábio reconhece que os mesmos passam muito pela relação com os pais, o reencontro com as origens cabo-verdianas, e a afirmação da sua identidade negra. Em reconstrução.

Licenciado em Gestão de Marketing, pela Escola de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal, Fábio de Pina apresenta-se como “Humano. Filho. Irmão. Pai”. Assim mesmo, com pontos finais – em vez de vírgulas – a demarcar cada papel, expressão perfeita do quanto procura ser e estar na vida de forma plena. Será esse o caminho para a felicidade? Enquanto trabalha nas próprias respostas, Fábio ajuda outras pessoas a encontrar as suas, na qualidade de gestor de felicidade especializado no sector empresarial.“O meu propósito é ajudar a humanizar todos os processos corporativos, que nos permitam rumar a uma vida de produção e serviço que se pretende plena, com sentido e significado”, diz o fundador e CEO da empresa HappyC, investido em criar e implementar dinâmicas que permitam às pessoas e organizações estarem em sintonia com os seus porquês. A missão é indissociável da gestão de emoções humanas, e pretende facilitar a construção de “um espaço seguro onde a diversidade, a inclusão, a heterogeneidade e a felicidade estejam e existam de facto”.


Há um antes e depois de Anitta na vida de Solange Dias. Foi a partir da actuação da cantora brasileira, no Rock in Rio Lisboa, que a bailarina percebeu que não poderia fugir mais da dança. O episódio marcante, vivido entre lágrimas, acelerou para o dia seguinte um incontornável – porém improvável – pedido de demissão. Até aí engenheira de sistemas, com uma situação profissional estável, Solange trocou o esperado pelo inesperado, e nunca mais voltou atrás. Nem sequer diante da forte reprovação parental, entretanto sanada. A determinação de não viver “by the book” acabou por ser recompensada, e tem numa campanha para a Nike um dos pontos altos, a que se juntam inúmeras colaborações com artistas, e presenças em programas de televisão. Feliz por cada conquista, Solange não deixa, contudo, de observar que muitas oportunidades continuam a estar vedadas a bailarinas negras. Mas já lá vai o tempo de “ficar desconfortável para que outros se sintam confortáveis”.
Também por isso, importa dançar. E escutar!

Entrou no mundo da dança tardiamente, e sem qualquer plano de profissionalização. Na altura, Solange Dias precisava apenas de encontrar uma actividade que lhe permitisse libertar as tensões do dia-a-dia. Mas o que começou por ser uma escapadela da rotina laboral, despertou uma paixão, e revelou aquela que até ver, é a sua maior vocação.Nascida em Lisboa, com ascendência angolana, é nas danças urbanas que se forja a sua identidade artística, no Hip Hop, House, e Comercial. Além da presença em vários anúncios publicitários para grandes marcas, onde se destaca a Nike, podemos vê-la em videoclipes de músicos bem conhecidos, como Djodje, Soraia Ramos ou Matias Damásio. Os seus movimentos também já sobressaíram diante das audiências de programas de televisão, e em campeonatos de dança, integrada no grupo Bootcamp.


“Sexo é vida”, defende Gino Esteves, sublinhando que “o prazer está no cerne da nossa saúde sexual”, e acrescentando: “Sexualidade é poder”. Por detrás de cada uma dessas afirmações, partilhadas neste episódio, encontramos vivências, observações e estudos, coincidentes no reconhecimento de que “há vários medos associados ao desenvolvimento da sexualidade feminina”. Que receios são esses? Vamos saber, e, ao mesmo tempo, refletir sobre como o sexo tem sido usado enquanto “manobra política para manipular as pessoas”.
Entre interrogações e afirmações, Gino assinala que “só existe intimidade entre duas pessoas, quando há disponibilidade para partilhar os segredos mais profundos da alma”. Embarquemos numa permanente descoberta do outro.

Sexólogo e terapeuta familiar, Gino Esteves promove “um espaço de cuidado da saúde sexual e do bem-estar psico-emocional e relacional”, a que chama “Sexologia com Laços”. Com uma prática despida de julgamentos, culpas ou preconceitos, propõe-se respeitar “a privacidade e o carácter único e inigualável de cada Pessoa”. Membro fundador da associação “Sexualidades”, cuja intervenção se foca na educação sexual, saúde sexual e erotismo, Gino é formador nas áreas de comunicação não violenta, gestão de conflitos e empoderamento sexual. A sua especialização assenta ainda numa graduação em Psicoterapia Somática, e num mestrado em Sexologia, que tornam cada vez mais longínqua, a formação em Direito.


Suportar piadas racistas no círculo de proximidade. Enfrentar mãos invasoras a avançar sobre o afro. Lidar com a falta de respostas ao envio de currículos e, a cada experiência, sentir um cúmulo de estranheza, incómodo e revolta. Tudo isso faz parte da história de Bárbara Wahnon, que, nesta conversa, reflete sobre o peso dessas e outras marcas na construção da sua identidade. Filha de mãe guineense, e pai cabo-verdiano, Bárbara conta que foi criada pela avó paterna, depois de, ainda na infância, ter perdido a progenitora. Com a morte da avó, a vontade de conhecer Cabo Verde intensificou-se e, a partir dessa viagem, a força do legado ancestral trouxe lugares de pertença até aí desconhecidos. Incluindo na morna, género musical do qual a sua bisavó Nha Maria Barba, foi a primeira embaixadora.

Aos 12 anos participou no concurso musical televisivo “Os Principais”, para descoberta de novos talentos. Mas seguir uma carreira artística estava longe de ser uma possibilidade. Por isso, na altura de escolher um curso superior, Bárbara Wahnon optou por Relações Internacionais. Foi, contudo, no Marketing que, nos últimos anos, acumulou experiência profissional, embora sem abdicar dos palcos, onde se manteve com os Gospel Collective.Mais recentemente, lançou o seu primeiro single, intitulado “O Pássaro (da asa cortada)”, tema que compôs para uma peça de teatro, em que se aborda a violência da mutilação genital feminina. Também participou numa homenagem a Sara Tavares, no Festival da Canção, e faz parte do elenco que tem apresentado, em vários países, a performance-instalação “O Barco”, de Grada Kilomba, que presta tributo às vidas negras apagadas pela expansão portuguesa.


Juntos há 11 anos, Abdel Camará e Lúcia Correia vivem uma história de amor ainda tida como excecional entre pessoas negras: trocam palavras e gestos românticos, expressam admiração e respeito, demonstram compromisso, e não se inibem de demonstrar a afetuosidade com que educam as três filhas. Neste episódio, abrimos o seu álbum de família, construído a partir da consciência de que o amor afrocentrado concretiza potencialidades. Não apenas individuais, mas também coletivas, tendo em conta que funciona como um antídoto para a nossa sobre-exposição a conteúdos que retratam as comunidades negras como “naturalmente” violentas, e as suas relações como “invariavelmente disfuncionais”. Contra essa “norma” de impossibilidades, Abdel e Lúcia escolhem amar e amar-se.

Ela formou-se em Comunicação Social, ele em Engenharia Mecânica. Ela tem raízes em Cabo Verde, ele nasceu na Guiné-Bissau. Hoje partilham vida no Reino Unido, mas foi em Portugal, e ao ritmo de música africana, que os seus caminhos se cruzaram.
Falamos de Abdel Camará e Lúcia Correia, casal que se dá a conhecer nas redes sociais, em família, e profissionalmente. Ele como empreendedor, especialista em coaching de alta performance, e um apaixonado pelo marketing e comportamento humano; e ela enquanto criadora do projeto “Vamos Ler”, que, através dos livros, se propõe “fortalecer a confiança das crianças, melhorar a autoestima e, consequentemente, a comunicação e rotina familiar”. Abrimos a terceira temporada d’ “O Tal Podcast” com ambos.


Season 2

Porquê que se ouvem podcasts? Como é que se ouvem, estas conversas agora tão abundantes, e onde? E a rádio, é a mesma coisa? Podemos aprender formatos e caminhos desse hábito antigo de escuta quotidiana e de atenção periférica? Neste episódio falamos também de números, daqui e do mundo, desta indústria em expansão que conta milhões de episódios em múltiplas plataformas e redes. Quem está do outro lado?

Partilhar o que sabemos da nossa audiência, de forma transparente, é pensar alto e interrogar modelos de sustentabilidade e de negócio: publicidade, subscrições, patrocínios? Falamos da ideia dos encontros presenciais - quem sabe em directo - e de como é a partir desses momentos fortuitos e inesperados que se podem fazer nossas a inspiração, a coragem, a conversa.


O regresso ao lugar das conversas, a disponibilidade de quem chega, os sorrisos e as surpresas, a abertura, a profundidade, o luto, a coragem e o amor: a nossa segunda temporada conclui com uma reflexão directa sobre o que ouvimos e o muito que sentimos.Abrimos espaço para partilhas que mergulham em profundezas inexploradas, abraçando as dores com a mesma força com que celebramos a esperança e o amor incondicional. Este ciclo que agora se fecha tornou-se um espelho das experiências vividas e das tantas emoções que ganham voz, um testemunho do crescimento colectivo e da solidariedade humana que nos une.

Georgina Angélica é especialista em Educação e Intervenção Social. Atua nestas áreas como educadora, formadora, consultora e palestrante, com mais de 20 anos de experiência em Portugal, Inglaterra e Angola, trajetória entretanto direcionada para o desenvolvimento da sua metodologia “Amor e Consciência".Paula Cardoso é fundadora da rede Afrolink e autora da marca de livros infantojuvenis Força Africana. Tem cerca de 20 anos de experiência no jornalismo, percurso iniciado na revista Visão. Hoje integra o podcast “Os Comentadores”, apresenta o programa de TV "Rumos", transmitido na RTP África, é cronista do Diário de Notícias, e embaixadora do European Climate Pact.


Que existência humana é possível quando se nasce sem esperança de vida? A história de Carlos Pereira escreve-se entre essa e outras interrogações. Criado pela avó até aos 15 anos, por causa de uma situação de saúde com prognóstico reservado, o humorista conta-nos, neste episódio, como tem conseguido curar as dores da infância, e a perda, na adolescência, daquela que foi a sua referência materna. O riso terá sido o melhor remédio que encontrou? As respostas surpreendem-nos numa emocionante e divertida viagem pelas memórias, onde Carlos nos conduz a uma nova reflexão: “Porque é que não se fala mais de Amor?”

Apresenta-se como um “estafeta do humor”, que “entrega piadas em forma de texto, vídeo e áudio”.
Natural de São Tomé e Príncipe, Carlos Pereira vive desde os 15 anos em Portugal, onde, numa noite de microfone aberto, se aventurou no stand-up comedy. A estreia, há mais de uma década, trouxe-lhe convites para outros palcos, nomeadamente para a rádio e para a televisão, meios de afirmação e consolidação da sua assinatura criativa.
Encontramo-la, por exemplo, no programa “Na Corda Bamba”, que conduziu na RDP África, antes de passar para o pequeno ecrã, onde apresentou o “Bem-Vindos”, formato exibido na RTP África. Sempre com o humor como fio condutor, Carlos foi o autor da rubrica “Prós e Contras dos Pobres”, integrada no talk-show “5 Para a Meia Noite”, da RTP, canal para o qual escreveu e produziu a série “Barman”. Mais recentemente, criou e apresentou o televisivo “Juro que aconteceu”, e foi selecionado para o Programa de Desenvolvimento de Escrita para Cinema e Audiovisual da Academia Portuguesa de Cinema, com o projeto “Tudo Nosso”.


No passado, as mulheres negras tiveram de pegar em armas para defender os territórios e corpos das invasões coloniais. No presente, um dos maiores combates que travam é no campo afetivo, procurando viver para além da condição de guerreiras. A multifacetada artista Isabél Zuaa partilha como tem feito esse caminho de emancipação emocional, a partir de um lugar de amor-próprio e de autocuidado. Lembrando que uma mulher negra feliz é um ato revolucionário, Isabel também reflete connosco sobre a potência política do amor vivido entre pessoas negras.

Nascida em Lisboa, com origens na Guiné-Bissau e em Angola, Isabél Zuaa expressa a sua veia artística através da Dança, do Cinema e do Teatro, num movimento criativo além-fronteiras, onde se destacam passagens pelo Brasil e por Itália. Em Portugal, é cocriadora do projeto “Aurora Negra”, desenvolvido no âmbito do seu trabalho de pesquisa de dramaturgias que colocam o corpo negro no lugar de protagonista e anfitrião das próprias histórias, desmistificando estereótipos e preconceitos.Com formação na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, é detentora de vários prémios internacionais, incluindo o de melhor atriz no conceituado Festival de Cinema de Gramado, distinção obtida em 2020. A par da interpretação, a escrita ganha espaço no seu currículo, a que se juntou, no final de 2023, a entrada para o Programa de Desenvolvimento de Escrita para Cinema e Audiovisual da Academia Portuguesa de Cinema, com o projeto “Chica Té”.


Como é que se preserva o espaço de amor na vida, quando o nosso dia-a-dia está a ser bombardeado com demonstrações de ódio racista? De que modo protegemos os nossos jovens negros da violência policial e de outros confrontos com as autoridades, sabendo que são percecionados como suspeitos e perseguidos como alvos a abater? Advogado criminal, e pai de três rapazes, José Semedo Fernandes confronta-se quotidianamente com a necessidade de gerir esses e outros equilíbrios. A que preço emocional? Escutemos!

Filho do já demolido Bairro de Santa Filomena, que se situava no centro da Amadora, José Semedo Fernandes encontrou aí o sentido de comunidade que o moldou para a vida, enquanto ganhou consciência de que, aos olhos da polícia, carrega na pele negra uma sentença: “Um preto é sempre um suspeito”, apontou-lhe em tempos um agente. Contra essa e outras injustiças, José fez-se advogado, tornando-se uma das figuras mais ativas no combate ao racismo em Portugal, nomeadamente em defesa de uma Lei da Nacionalidade que deixe de penalizar os filhos de imigrantes. Ao mesmo tempo, luta pela alteração do artigo 250.o do Código de Processo Penal, que, conforme vem apontando, “pinta o suspeito de negro”.


Quanto pesa um corpo feminino? Muito além dos quilos calibrados por balanças, Cláudia Oliveira começou a “medir” inibições, vergonhas, repressões, culpas, rejeições...e, cada vez mais consciente das amarras que o patriarcado coloca às mulheres, decidiu soltar os movimentos. Nesta conversa, falamos sobre esse caminho de libertação, iniciado a partir da aceitação de si própria, num processo construído com dança e muita sensualidade. À medida de mais uma reflexão: o que acontece quando conseguimos iniciar uma relação de amor com o nosso corpo?

Desde a infância apaixonada por artes performativas, como o teatro e a dança, Claúdia Oliveira percebeu, também muito cedo, o fascínio pela comunicação, nomeadamente a escrita. Não estranha, por isso, que à licenciatura em Ciências da Comunicação, no Algarve, tenha juntado uma formação em Yoga, na Universidade Lusófona.Entre mundos, publicou o livro "Apocalipse de Memórias", e criou um espaço onde, a partir do movimento, ajuda mulheres a explorar a sua feminilidade e sensualidade. “Sou muitas coisas, para conseguir escrever-me toda”, diz, acrescentando: “Gosto de pensar que a minha vida e o meu trabalho são uma celebração da criatividade, da conexão com o corpo e a mente, e da busca daquilo que nos faz bem”.


Se mudar de país já é desafiante que baste, imaginem fazê-lo aos 12 anos sem pais nem qualquer elemento da família nuclear. Agora acrescentem à experiência uma sensação de estranheza e inadequação, causada por olhares preconceituosos, incapazes de conviver com a inteligência e boas notas de alunos negros vindos de sistemas de educação africanos. Mirza Lauchand viveu tudo isso e conta, neste episódio, como se habitou a combater a discriminação racial em Portugal, ao mesmo tempo que partilha como encontrou na música um “regresso a casa”.

Mirza Lauchand apresenta-se como “alguém do mundo todo para o mundo todo”. Nascido em Moçambique, está em Portugal desde o início da adolescência, período vivido aos cuidados do Pupilos do Exército. É licenciado em Gestão de Turismo, tendo-se especializado no sector das viagens.Pelo caminho, encontrou na música um lugar de expressão e criação artística, alargado, com a entrada para o gospel, numa via de desenvolvimento espiritual. A sua voz começou por se projetar ao lado de vários artistas – como Bernardo Sasseti, NBC, Matay ou Selma Uamusse –, mas, a partir de 2021, ganhou vida a solo, com o lançamento do single “Far Away”.


Enquanto somamos entradas aos currículos e biografias, há subtrações difíceis de contabilizar. Quanto de nós deixamos nos projetos criativos que realizamos? É possível recuperar por inteiro? Ou estaremos condenados a viver em défice? No mundo capitalista em que navegamos, a matemática da produção torna-se muito eficiente em sobrecarregar de culpa os dias de descanso, especialmente pesados para quem trabalha por conta própria, e no setor cultural. Esta conversa é uma pausa necessária, que partilhamos com Gisela Casimiro.

Escritora nascida na Guiné-Bissau, tem obras publicadas em prosa e poesia, artista, performer, curadora, tradutora e ativista, Gisela Casimiro pulsa energia criativa. Autora de “Erosão”, “Giz” e “Estendais”, assina também a tradução para Portugal da obra “Irmã Marginal | Sister Outsider”, de Audre Lorde, e o texto e dramaturgia de “Casa com Árvores Dentro”, espetáculo encenado por Cláudia Semedo e estreado no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço.Está igualmente presente em várias antologias nacionais e internacionais, como a "Reconstituição Portuguesa" (org. Viton Araújo e Diego Tórgo), premiada em Cannes. Os seus textos estão traduzidos para turco, mandarim, alemão, espanhol e inglês.


A escritora bell hooks ensinou-nos, entre incontáveis lições, que o amor é uma escolha. David J. Amado revela-nos, neste episódio, como tem vivido e assumido essa opção, desde a definição do próprio nome até à afirmação de uma identidade negra e queer. Guiando-nos por uma história que cruza continentes, países e cidades, o coreógrafo e bailarino mostra-nos como o corpo pode ser casa e território de afetos. E a arte um lugar de cura, resistência e amor.

Nascido na Jamaica, David J. Amado formou-se em Música na Columbia University em Nova Iorque, cidade que se tornou refúgio logo no início da adolescência. Mais tarde seguiu o impulso de viajar para o Brasil, destino de renascimento e de múltiplos reconhecimentos, fundamentais para a expressão da sua identidade.Coreógrafo, cineasta e bailarino, o seu trabalho reflete uma herança multicultural, “e situa-se na interseção das belas-artes, o intelectual queer e o gueto”. Hoje baseado em Lisboa, está a construir a sua primeira longa-metragem, sob impulso do programa Pitch Me!, lançado pela Academia Portuguesa de Cinema, em parceria com a Netflix.


Já ouviram falar de relações não-monogâmicas éticas e consensuais? Serão elas a ‘escolha natural’ para vivermos o amor plenamente, sem reprimir desejos? Como alcançar o equilíbrio entre vida familiar e profissional, conciliando maternidade, intimidade e individualidade? Sem tabus, aproveitamos a conversa com a psicóloga clínica e terapeuta familiar, Luana Cunha Ferreira, para perceber melhor algumas das experiências vividas em casal.

Psicóloga clínica, terapeuta familiar e professora na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Luana Cunha Ferreira é também autora do livro "Sete Casais em Terapia", que traz “um olhar direto para dentro das paredes do consultório”.Dona de uma vasta experiência internacional, nomeadamente de colaboração com a terapeuta de casais Esther Perel, é doutorada em Psicologia Clínica e da Família, dedicando-se à investigação científica nos temas da parentalidade e conjugalidade em famílias heteronormativas e constituídas por pessoas LGBTQIA, famílias afrodescendentes e antirracismo, intervenção em terapia familiar, crianças e jovens em risco/perigo, alienação parental e sistema judicial. O seu trabalho também sobressai na TV, onde colabora no programa “Casados à Primeira Vista”.


Season 1


No último episódio da primeira temporada, olhamos para o princípio e o processo das conversas que nos trouxeram até aqui. O que ficou, o que nos transformou, e o muito que já contruímos.

O Tal Podcast começou com uma proposta simples mas inesperada, quase óbvia mas pouco comum: um programa onde as emoções íntimas se cruzam com a negritude e se expressam sem receios e sem rodeios. Um espaço semanal onde nos encontramos orgulhosas, dignas, entusiasmadas no exercício duplo da escuta e do diálogo.A resposta que tivemos da primeira temporada foi surpreendente - na atenção, nas partilhas, no que nos mostrou da disponibilidade para este espaço que queremos alargar.O futuro já começou, sob a forma da segunda temporada, no ar em Fevereiro 2024. Obrigada por estar connosco.


O confronto com múltiplas impossibilidades de ser e expressar quem é afastou Paulo Pascoal da sua essência. “Já houve muitos momentos em que tive vergonha de ser quem eu era (…) vergonha de as pessoas verem em mim algo que eu queria esconder”, recorda, numa conversa que é uma viagem por vários “choques” de identidade. Com passagem, nos últimos oito anos, pelo desafio de viver em situação de ilegalidade. “Nunca pensei que as minhas possibilidades fossem ser sabotadas ou boicotadas por causa das minhas subjetividades”.

Angolano nascido em Lisboa, Paulo Pascoal trabalha em rádio, televisão, teatro e cinema, meios nos quais se destaca, há mais de duas décadas como ator, apresentador e locutor. Com formação na prestigiada The Juilliard School de Nova Iorque, junta aos conhecimentos em artes cénicas um mestrado em Estudos Culturais Africanos. Desde 2014 a viver em Portugal, depois de estudar em Espanha e também nos EUA, foi por cá que se tornou “preto” e “ilegal”, categorias indissociáveis da sua história, igualmente marcada pelas lutas ativistas, pela música e pela moda.


Cuidar da nossa individualidade diante das pressões do casamento, maternidade e carreira é fundamental, lembra a cantora Kady. Independente por natureza, a artista conta que teve de aprender a estar numa relação em equipa – e não apenas como uma soma de duas pessoas – e, que, consciente de que se deixou anular um pouco após o nascimento do primeiro filho, receou os efeitos da segunda gravidez. “Estava com muito medo de ter uma depressão pós-parto”, revela, partilhando, neste episódio, o processo que a levou a procurar apoio terapêutico.

Nascida e criada na ilha de Santiago, na cidade da Praia, Kady tem raízes profundas na tradição musical cabo-verdiana. Filha da renomada Terezinha Araújo, fundadora do grupo Simentera, e neta de Amélia Araújo, radialista e referência na luta pela Independência, a artista cresceu rodeada de grandes mulheres que definiram e moldaram a sua personalidade. Não estranha por isso que, desde cedo, tenha começado a traçar o seu caminho: na infância venceu concursos de música, e, mais tarde, aprofundou o talento em formações no Brasil e nos EUA. Agora baseada em Lisboa, lançou no final de 2022 "Lumenara", um EP inovador que combina a sonoridade urbana com a essência da música tradicional de Cabo Verde.


Fruto de uma educação punitiva, em que os castigos físicos estavam normalizados, Flávio Landim Gonçalves interiorizou, sem se dar conta, a ideia de que o respeito parental e o bom caráter se constroem com mão de ferro. “Cresci a acreditar que se calhar, se não tivesse levado porrada, teria ido para os maus caminhos, por exemplo”. A crença acabou por marcar os primeiros anos de paternidade, período em que nem sequer se conseguia juntar às brincadeiras do filho mais velho. Para quebrar este padrão relacional de distanciamento, embarcou na parentalidade consciente, tema em destaque neste episódio.

Formado em Sociologia pelo ISCTE, Flávio Landim Gonçalves junta à licenciatura uma certificação em Parentalidade Consciente, e a especialização em Igualdade de Género, conhecimentos que coloca ao serviço de um mundo mais equitativo. Esta é uma missão que cumpre ao comando da associação Men Talks, que “promove reflexões e espaços sobre masculinidades, com o objetivo de construir uma sociedade mais comprometida com a igualdade”. No seu currículo sobressaem também formações em Liderança Servidora (Academia de Líderes Ubuntu), Direitos Humanos (Associação Mais cidadania) e Orientação Sexual e Identidade de Género (UMAR).


Entre o desejo de ser pai, e o medo de falhar nesse papel, Dino d’ Santiago encontrou na terapia um lugar de entendimento. De si próprio e da sua família, que deixou para trás alguns pesos, onde se inclui a história de uma morte trágica. “Queria agradar para me sentir incluído, desagradando-me constantemente”, admite o músico, que, nesta conversa, partilha o seu profundo processo de desconstrução…e de libertação pelo amor. Hoje, em vez de forçar uma existência de “super-humano”, o músico reivindica “apenas” um espaço para ser humano.

Imaginou uma carreira como professor de História da Arte, e também como arquiteto e ilustrador. Mas é na música que Dino D’ Santiago projecta a assinatura profissional, impulsionada em 2003 com a participação no programa televisivo “Operação Triunfo”. Seguiram-se 11 anos de ligação aos Expensive Soul, marcados pelo amadurecimento de uma identidade musical firmada no Soul, Hip-Hop e RnB. Agora a solo, o autor dos álbuns “Mundu Nôbu” e “Kriola” afina a voz e as composições contra o racismo e todas as formas de discriminação, e coloca em evidência que “somos todos crioulos”.


Aos 35 anos, a influenciadora digital Kathy Moeda dá por si a pensar no envelhecimento, e nos cuidados que devem acompanhar esse processo. O olhar para o futuro, em foco nesta conversa, constrói-se a partir de um encontro intergeracional inesperado, que liga quase meio século de diferença de idades. Aproximadas numa altura em que a apresentadora de TV largou tudo em Cabo Verde, para seguir atrás do sonho, em Portugal.

Kathy Moeda tornou-se uma referência televisiva na TCV em Cabo Verde, depois de ganhar notoriedade na moda, durante a formação em Hotelaria e Turismo no Brasil. O seu percurso na televisão começou em 2011, como co-apresentadora do programa "Show da Manhã", papel que ocupou durante uma década. Comunicadora nata, a sua presença mediática estende-se à condução de vários eventos, com destaque, em 2022, para a gala Cabo Verde Music Awards. Atualmente em Portugal para prosseguir os estudos, a apresentadora destaca-se também como influenciadora digital, espaço onde, recentemente, lançou a rubrica "À boleia com Kathy".


“Homem que é homem não chora”. “O lugar da mulher é na cozinha”. “Deixa-te disso, e faz-te homem”. “Aquela não serve para casar”. Crescemos a ouvir estas e outras expressões, que nos (des)educam sobre os papéis de género. Que impacto têm na forma como nos relacionamos com o masculino e o feminino? Será a masculinidade tóxica um efeito dessas construções sociais? Neste episódio, o psicólogo Henda Vieira Lopes aponta caminhos que nos ajudam a separar o homem do masculino, e a construir uma masculinidade positiva e inclusiva.

Henda Vieira Lopes, psicólogo e diretor do Espaço Yanda, acumula mais de 20 anos de experiência na promoção de competências, incluindo uma forte intervenção comunitária. Com uma abordagem afrocentrada, integra práticas ancestrais africanas na psicologia clínica. O seu compromisso visa concretizar o Nzóji (sonho) de um povo africano senhor da sua história. Membro da Associação Portuguesa de Terapia Familiar, técnico em Lisboa e co-fundador da AfroPsis, Henda aborda temas como psicologia, multiculturalidade e racismo, procurando não só devolver o controlo da narrativa negra, mas também contribuir para uma sociedade multicultural mais coesa e equitativa.


Que memórias conseguimos guardar para além daquelas que exibimos no telemóvel? Temos medo de amar? Onde está a força de nos vulnerabilizarmos? E Deus? Onde o podemos encontrar? Podem as mulheres não querer ser mulheres? Neste episódio, Kwenda Lima questiona a sabedoria. Do que somos e podemos ser.

Kwenda Lima nasceu em Cabo Verde, é doutorado em Engenharia Aeroespacial. É fundador do espaço Art Kaizen e criador do Inner Kaizen Humanology - um modo de vida que leva as pessoas a cultivarem o seu eu interior percebendo que são suficientes.


Frente-a-frente com as suas escolhas, Lara Mesquita observa: “Nunca tive uma relação amorosa com um homem negro”. Consciente de que isso não aconteceu por acaso, a actriz, filha de mãe negra e pai branco, reconhece o impacto da ascendência inter-racial nas suas preferências, cedo orientadas para o desejo de branquear a descendência. Hoje em desconstrução.

Lara Mesquita é Licenciada em Teatro - Ramo Actores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, trabalha como actriz desde 2012. Em 2021 estreou a sua primeira criação autoral, intitulada “Sempre Que Acordo”, cujo texto lhe valeu o Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina. Já em 2023, o seu projecto “Verão de 98” foi um dos seleccionados do “Pitch Me!”, programa de apoio a “argumentistas emergentes”, lançado pela Academia Portuguesa de Cinema, em parceria com a plataforma Netflix.


Amores, desamores, família, parentalidade, amizades, inseguranças, desconfianças, traições…todos os temas cabem nas nossas conversas. Por termos sempre tanto para falar, decidimos criar este espaço, e convidar outras pessoas para se juntarem a nós.

Georgina Angélica é especialista em Educação e Intervenção Social. Atua nestas áreas como educadora, formadora, consultora e palestrante, possuindo mais de 20 anos de experiência em Portugal, Inglaterra e Angola, trajetória entretanto direcionada para o desenvolvimento da sua metodologia “Amor e Consciência".

Paula Cardoso é fundadora da rede Afrolink e autora da marca de livros infantojuvenis Força Africana. Tem cerca de 20 anos de experiência no jornalismo, percurso iniciado na revista Visão. Hoje integra o podcast “Os Comentadores”, apresenta o programa de TV "Rumos", transmitido na RTP África, é cronista do Diário de Notícias, e embaixadora do European Climate Pact.


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O Tal Podcast é um programa de Georgina Angélica e Paula Cardoso.Direcção Criativa: Yuri Lopes Pereira
Design: Maria Albertini
Fotografia: André Ventura, Wilson Twice, Inigo Perez
Música Original: Pedro Bernardino, Wilson Twice
Uma produção Big Lisbon

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