O Tal Podcast é um espaço onde cabem todas as vidas, emocionalmente ligadas por experiências de provação e histórias de humanização.
Para percorrer sem guião, com uma nova conversa a cada semana, sob condução de Georgina Angélica e Paula Cardoso.

Season 1

Uma Abertura

Lara Mesquita

Kwenda Lima

Henda Vieira Lopes

Kathy Moeda

Dino D'Santiago

Flávio Gonçalves

Kady

Paulo Pascoal

Uma Temporada


Season 2

Luana Cunha Ferreira

David J. Amado

Gisela Casimiro

Mirza Lauchand

Cláudia Oliveira

José Semedo Fernandes

Isabél Zuaa

Carlos Pereira

A Segunda Temporada

Como se faz um podcast?


Season 3

Abdel Camará e Lúcia Correia

Bárbara Wahnon

Gino Esteves


“Sexo é vida”, defende Gino Esteves, sublinhando que “o prazer está no cerne da nossa saúde sexual”, e acrescentando: “Sexualidade é poder”. Por detrás de cada uma dessas afirmações, partilhadas neste episódio, encontramos vivências, observações e estudos, coincidentes no reconhecimento de que “há vários medos associados ao desenvolvimento da sexualidade feminina”. Que receios são esses? Vamos saber, e, ao mesmo tempo, refletir sobre como o sexo tem sido usado enquanto “manobra política para manipular as pessoas”.
Entre interrogações e afirmações, Gino assinala que “só existe intimidade entre duas pessoas, quando há disponibilidade para partilhar os segredos mais profundos da alma”. Embarquemos numa permanente descoberta do outro.

Sexólogo e terapeuta familiar, Gino Esteves promove “um espaço de cuidado da saúde sexual e do bem-estar psico-emocional e relacional”, a que chama “Sexologia com Laços”. Com uma prática despida de julgamentos, culpas ou preconceitos, propõe-se respeitar “a privacidade e o carácter único e inigualável de cada Pessoa”. Membro fundador da associação “Sexualidades”, cuja intervenção se foca na educação sexual, saúde sexual e erotismo, Gino é formador nas áreas de comunicação não violenta, gestão de conflitos e empoderamento sexual. A sua especialização assenta ainda numa graduação em Psicoterapia Somática, e num mestrado em Sexologia, que tornam cada vez mais longínqua, a formação em Direito.


Suportar piadas racistas no círculo de proximidade. Enfrentar mãos invasoras a avançar sobre o afro. Lidar com a falta de respostas ao envio de currículos e, a cada experiência, sentir um cúmulo de estranheza, incómodo e revolta. Tudo isso faz parte da história de Bárbara Wahnon, que, nesta conversa, reflete sobre o peso dessas e outras marcas na construção da sua identidade. Filha de mãe guineense, e pai cabo-verdiano, Bárbara conta que foi criada pela avó paterna, depois de, ainda na infância, ter perdido a progenitora. Com a morte da avó, a vontade de conhecer Cabo Verde intensificou-se e, a partir dessa viagem, a força do legado ancestral trouxe lugares de pertença até aí desconhecidos. Incluindo na morna, género musical do qual a sua bisavó Nha Maria Barba, foi a primeira embaixadora.

Aos 12 anos participou no concurso musical televisivo “Os Principais”, para descoberta de novos talentos. Mas seguir uma carreira artística estava longe de ser uma possibilidade. Por isso, na altura de escolher um curso superior, Bárbara Wahnon optou por Relações Internacionais. Foi, contudo, no Marketing que, nos últimos anos, acumulou experiência profissional, embora sem abdicar dos palcos, onde se manteve com os Gospel Collective.Mais recentemente, lançou o seu primeiro single, intitulado “O Pássaro (da asa cortada)”, tema que compôs para uma peça de teatro, em que se aborda a violência da mutilação genital feminina. Também participou numa homenagem a Sara Tavares, no Festival da Canção, e faz parte do elenco que tem apresentado, em vários países, a performance-instalação “O Barco”, de Grada Kilomba, que presta tributo às vidas negras apagadas pela expansão portuguesa.


Juntos há 11 anos, Abdel Camará e Lúcia Correia vivem uma história de amor ainda tida como excecional entre pessoas negras: trocam palavras e gestos românticos, expressam admiração e respeito, demonstram compromisso, e não se inibem de demonstrar a afetuosidade com que educam as três filhas. Neste episódio, abrimos o seu álbum de família, construído a partir da consciência de que o amor afrocentrado concretiza potencialidades. Não apenas individuais, mas também coletivas, tendo em conta que funciona como um antídoto para a nossa sobre-exposição a conteúdos que retratam as comunidades negras como “naturalmente” violentas, e as suas relações como “invariavelmente disfuncionais”. Contra essa “norma” de impossibilidades, Abdel e Lúcia escolhem amar e amar-se.

Ela formou-se em Comunicação Social, ele em Engenharia Mecânica. Ela tem raízes em Cabo Verde, ele nasceu na Guiné-Bissau. Hoje partilham vida no Reino Unido, mas foi em Portugal, e ao ritmo de música africana, que os seus caminhos se cruzaram.
Falamos de Abdel Camará e Lúcia Correia, casal que se dá a conhecer nas redes sociais, em família, e profissionalmente. Ele como empreendedor, especialista em coaching de alta performance, e um apaixonado pelo marketing e comportamento humano; e ela enquanto criadora do projeto “Vamos Ler”, que, através dos livros, se propõe “fortalecer a confiança das crianças, melhorar a autoestima e, consequentemente, a comunicação e rotina familiar”. Abrimos a terceira temporada d’ “O Tal Podcast” com ambos.


Season 2

Luana Cunha Ferreira

David J. Amado

Gisela Casimiro

Mirza Lauchand

Cláudia Oliveira

José Semedo Fernandes

Isabél Zuaa

Carlos Pereira

A Segunda Temporada

Como se faz um podcast?

Porquê que se ouvem podcasts? Como é que se ouvem, estas conversas agora tão abundantes, e onde? E a rádio, é a mesma coisa? Podemos aprender formatos e caminhos desse hábito antigo de escuta quotidiana e de atenção periférica? Neste episódio falamos também de números, daqui e do mundo, desta indústria em expansão que conta milhões de episódios em múltiplas plataformas e redes. Quem está do outro lado?

Partilhar o que sabemos da nossa audiência, de forma transparente, é pensar alto e interrogar modelos de sustentabilidade e de negócio: publicidade, subscrições, patrocínios? Falamos da ideia dos encontros presenciais - quem sabe em directo - e de como é a partir desses momentos fortuitos e inesperados que se podem fazer nossas a inspiração, a coragem, a conversa.


O regresso ao lugar das conversas, a disponibilidade de quem chega, os sorrisos e as surpresas, a abertura, a profundidade, o luto, a coragem e o amor: a nossa segunda temporada conclui com uma reflexão directa sobre o que ouvimos e o muito que sentimos.Abrimos espaço para partilhas que mergulham em profundezas inexploradas, abraçando as dores com a mesma força com que celebramos a esperança e o amor incondicional. Este ciclo que agora se fecha tornou-se um espelho das experiências vividas e das tantas emoções que ganham voz, um testemunho do crescimento colectivo e da solidariedade humana que nos une.

Georgina Angélica é especialista em Educação e Intervenção Social. Atua nestas áreas como educadora, formadora, consultora e palestrante, com mais de 20 anos de experiência em Portugal, Inglaterra e Angola, trajetória entretanto direcionada para o desenvolvimento da sua metodologia “Amor e Consciência".Paula Cardoso é fundadora da rede Afrolink e autora da marca de livros infantojuvenis Força Africana. Tem cerca de 20 anos de experiência no jornalismo, percurso iniciado na revista Visão. Hoje integra o podcast “Os Comentadores”, apresenta o programa de TV "Rumos", transmitido na RTP África, é cronista do Diário de Notícias, e embaixadora do European Climate Pact.


Que existência humana é possível quando se nasce sem esperança de vida? A história de Carlos Pereira escreve-se entre essa e outras interrogações. Criado pela avó até aos 15 anos, por causa de uma situação de saúde com prognóstico reservado, o humorista conta-nos, neste episódio, como tem conseguido curar as dores da infância, e a perda, na adolescência, daquela que foi a sua referência materna. O riso terá sido o melhor remédio que encontrou? As respostas surpreendem-nos numa emocionante e divertida viagem pelas memórias, onde Carlos nos conduz a uma nova reflexão: “Porque é que não se fala mais de Amor?”

Apresenta-se como um “estafeta do humor”, que “entrega piadas em forma de texto, vídeo e áudio”.
Natural de São Tomé e Príncipe, Carlos Pereira vive desde os 15 anos em Portugal, onde, numa noite de microfone aberto, se aventurou no stand-up comedy. A estreia, há mais de uma década, trouxe-lhe convites para outros palcos, nomeadamente para a rádio e para a televisão, meios de afirmação e consolidação da sua assinatura criativa.
Encontramo-la, por exemplo, no programa “Na Corda Bamba”, que conduziu na RDP África, antes de passar para o pequeno ecrã, onde apresentou o “Bem-Vindos”, formato exibido na RTP África. Sempre com o humor como fio condutor, Carlos foi o autor da rubrica “Prós e Contras dos Pobres”, integrada no talk-show “5 Para a Meia Noite”, da RTP, canal para o qual escreveu e produziu a série “Barman”. Mais recentemente, criou e apresentou o televisivo “Juro que aconteceu”, e foi selecionado para o Programa de Desenvolvimento de Escrita para Cinema e Audiovisual da Academia Portuguesa de Cinema, com o projeto “Tudo Nosso”.


No passado, as mulheres negras tiveram de pegar em armas para defender os territórios e corpos das invasões coloniais. No presente, um dos maiores combates que travam é no campo afetivo, procurando viver para além da condição de guerreiras. A multifacetada artista Isabél Zuaa partilha como tem feito esse caminho de emancipação emocional, a partir de um lugar de amor-próprio e de autocuidado. Lembrando que uma mulher negra feliz é um ato revolucionário, Isabel também reflete connosco sobre a potência política do amor vivido entre pessoas negras.

Nascida em Lisboa, com origens na Guiné-Bissau e em Angola, Isabél Zuaa expressa a sua veia artística através da Dança, do Cinema e do Teatro, num movimento criativo além-fronteiras, onde se destacam passagens pelo Brasil e por Itália. Em Portugal, é cocriadora do projeto “Aurora Negra”, desenvolvido no âmbito do seu trabalho de pesquisa de dramaturgias que colocam o corpo negro no lugar de protagonista e anfitrião das próprias histórias, desmistificando estereótipos e preconceitos.Com formação na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, é detentora de vários prémios internacionais, incluindo o de melhor atriz no conceituado Festival de Cinema de Gramado, distinção obtida em 2020. A par da interpretação, a escrita ganha espaço no seu currículo, a que se juntou, no final de 2023, a entrada para o Programa de Desenvolvimento de Escrita para Cinema e Audiovisual da Academia Portuguesa de Cinema, com o projeto “Chica Té”.


Como é que se preserva o espaço de amor na vida, quando o nosso dia-a-dia está a ser bombardeado com demonstrações de ódio racista? De que modo protegemos os nossos jovens negros da violência policial e de outros confrontos com as autoridades, sabendo que são percecionados como suspeitos e perseguidos como alvos a abater? Advogado criminal, e pai de três rapazes, José Semedo Fernandes confronta-se quotidianamente com a necessidade de gerir esses e outros equilíbrios. A que preço emocional? Escutemos!

Filho do já demolido Bairro de Santa Filomena, que se situava no centro da Amadora, José Semedo Fernandes encontrou aí o sentido de comunidade que o moldou para a vida, enquanto ganhou consciência de que, aos olhos da polícia, carrega na pele negra uma sentença: “Um preto é sempre um suspeito”, apontou-lhe em tempos um agente. Contra essa e outras injustiças, José fez-se advogado, tornando-se uma das figuras mais ativas no combate ao racismo em Portugal, nomeadamente em defesa de uma Lei da Nacionalidade que deixe de penalizar os filhos de imigrantes. Ao mesmo tempo, luta pela alteração do artigo 250.o do Código de Processo Penal, que, conforme vem apontando, “pinta o suspeito de negro”.


Quanto pesa um corpo feminino? Muito além dos quilos calibrados por balanças, Cláudia Oliveira começou a “medir” inibições, vergonhas, repressões, culpas, rejeições...e, cada vez mais consciente das amarras que o patriarcado coloca às mulheres, decidiu soltar os movimentos. Nesta conversa, falamos sobre esse caminho de libertação, iniciado a partir da aceitação de si própria, num processo construído com dança e muita sensualidade. À medida de mais uma reflexão: o que acontece quando conseguimos iniciar uma relação de amor com o nosso corpo?

Desde a infância apaixonada por artes performativas, como o teatro e a dança, Claúdia Oliveira percebeu, também muito cedo, o fascínio pela comunicação, nomeadamente a escrita. Não estranha, por isso, que à licenciatura em Ciências da Comunicação, no Algarve, tenha juntado uma formação em Yoga, na Universidade Lusófona.Entre mundos, publicou o livro "Apocalipse de Memórias", e criou um espaço onde, a partir do movimento, ajuda mulheres a explorar a sua feminilidade e sensualidade. “Sou muitas coisas, para conseguir escrever-me toda”, diz, acrescentando: “Gosto de pensar que a minha vida e o meu trabalho são uma celebração da criatividade, da conexão com o corpo e a mente, e da busca daquilo que nos faz bem”.


Se mudar de país já é desafiante que baste, imaginem fazê-lo aos 12 anos sem pais nem qualquer elemento da família nuclear. Agora acrescentem à experiência uma sensação de estranheza e inadequação, causada por olhares preconceituosos, incapazes de conviver com a inteligência e boas notas de alunos negros vindos de sistemas de educação africanos. Mirza Lauchand viveu tudo isso e conta, neste episódio, como se habitou a combater a discriminação racial em Portugal, ao mesmo tempo que partilha como encontrou na música um “regresso a casa”.

Mirza Lauchand apresenta-se como “alguém do mundo todo para o mundo todo”. Nascido em Moçambique, está em Portugal desde o início da adolescência, período vivido aos cuidados do Pupilos do Exército. É licenciado em Gestão de Turismo, tendo-se especializado no sector das viagens.Pelo caminho, encontrou na música um lugar de expressão e criação artística, alargado, com a entrada para o gospel, numa via de desenvolvimento espiritual. A sua voz começou por se projetar ao lado de vários artistas – como Bernardo Sasseti, NBC, Matay ou Selma Uamusse –, mas, a partir de 2021, ganhou vida a solo, com o lançamento do single “Far Away”.


Enquanto somamos entradas aos currículos e biografias, há subtrações difíceis de contabilizar. Quanto de nós deixamos nos projetos criativos que realizamos? É possível recuperar por inteiro? Ou estaremos condenados a viver em défice? No mundo capitalista em que navegamos, a matemática da produção torna-se muito eficiente em sobrecarregar de culpa os dias de descanso, especialmente pesados para quem trabalha por conta própria, e no setor cultural. Esta conversa é uma pausa necessária, que partilhamos com Gisela Casimiro.

Escritora nascida na Guiné-Bissau, tem obras publicadas em prosa e poesia, artista, performer, curadora, tradutora e ativista, Gisela Casimiro pulsa energia criativa. Autora de “Erosão”, “Giz” e “Estendais”, assina também a tradução para Portugal da obra “Irmã Marginal | Sister Outsider”, de Audre Lorde, e o texto e dramaturgia de “Casa com Árvores Dentro”, espetáculo encenado por Cláudia Semedo e estreado no Teatro Municipal Amélia Rey Colaço.Está igualmente presente em várias antologias nacionais e internacionais, como a "Reconstituição Portuguesa" (org. Viton Araújo e Diego Tórgo), premiada em Cannes. Os seus textos estão traduzidos para turco, mandarim, alemão, espanhol e inglês.


A escritora bell hooks ensinou-nos, entre incontáveis lições, que o amor é uma escolha. David J. Amado revela-nos, neste episódio, como tem vivido e assumido essa opção, desde a definição do próprio nome até à afirmação de uma identidade negra e queer. Guiando-nos por uma história que cruza continentes, países e cidades, o coreógrafo e bailarino mostra-nos como o corpo pode ser casa e território de afetos. E a arte um lugar de cura, resistência e amor.

Nascido na Jamaica, David J. Amado formou-se em Música na Columbia University em Nova Iorque, cidade que se tornou refúgio logo no início da adolescência. Mais tarde seguiu o impulso de viajar para o Brasil, destino de renascimento e de múltiplos reconhecimentos, fundamentais para a expressão da sua identidade.Coreógrafo, cineasta e bailarino, o seu trabalho reflete uma herança multicultural, “e situa-se na interseção das belas-artes, o intelectual queer e o gueto”. Hoje baseado em Lisboa, está a construir a sua primeira longa-metragem, sob impulso do programa Pitch Me!, lançado pela Academia Portuguesa de Cinema, em parceria com a Netflix.


Já ouviram falar de relações não-monogâmicas éticas e consensuais? Serão elas a ‘escolha natural’ para vivermos o amor plenamente, sem reprimir desejos? Como alcançar o equilíbrio entre vida familiar e profissional, conciliando maternidade, intimidade e individualidade? Sem tabus, aproveitamos a conversa com a psicóloga clínica e terapeuta familiar, Luana Cunha Ferreira, para perceber melhor algumas das experiências vividas em casal.

Psicóloga clínica, terapeuta familiar e professora na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Luana Cunha Ferreira é também autora do livro "Sete Casais em Terapia", que traz “um olhar direto para dentro das paredes do consultório”.Dona de uma vasta experiência internacional, nomeadamente de colaboração com a terapeuta de casais Esther Perel, é doutorada em Psicologia Clínica e da Família, dedicando-se à investigação científica nos temas da parentalidade e conjugalidade em famílias heteronormativas e constituídas por pessoas LGBTQIA, famílias afrodescendentes e antirracismo, intervenção em terapia familiar, crianças e jovens em risco/perigo, alienação parental e sistema judicial. O seu trabalho também sobressai na TV, onde colabora no programa “Casados à Primeira Vista”.


Season 1

Uma Abertura

Lara Mesquita

Kwenda Lima

Henda Vieira Lopes

Kathy Moeda

Dino D'Santiago

Flávio Gonçalves

Kady

Paulo Pascoal

Uma Temporada


No último episódio da primeira temporada, olhamos para o princípio e o processo das conversas que nos trouxeram até aqui. O que ficou, o que nos transformou, e o muito que já contruímos.

O Tal Podcast começou com uma proposta simples mas inesperada, quase óbvia mas pouco comum: um programa onde as emoções íntimas se cruzam com a negritude e se expressam sem receios e sem rodeios. Um espaço semanal onde nos encontramos orgulhosas, dignas, entusiasmadas no exercício duplo da escuta e do diálogo.A resposta que tivemos da primeira temporada foi surpreendente - na atenção, nas partilhas, no que nos mostrou da disponibilidade para este espaço que queremos alargar.O futuro já começou, sob a forma da segunda temporada, no ar em Fevereiro 2024. Obrigada por estar connosco.


O confronto com múltiplas impossibilidades de ser e expressar quem é afastou Paulo Pascoal da sua essência. “Já houve muitos momentos em que tive vergonha de ser quem eu era (…) vergonha de as pessoas verem em mim algo que eu queria esconder”, recorda, numa conversa que é uma viagem por vários “choques” de identidade. Com passagem, nos últimos oito anos, pelo desafio de viver em situação de ilegalidade. “Nunca pensei que as minhas possibilidades fossem ser sabotadas ou boicotadas por causa das minhas subjetividades”.

Angolano nascido em Lisboa, Paulo Pascoal trabalha em rádio, televisão, teatro e cinema, meios nos quais se destaca, há mais de duas décadas como ator, apresentador e locutor. Com formação na prestigiada The Juilliard School de Nova Iorque, junta aos conhecimentos em artes cénicas um mestrado em Estudos Culturais Africanos. Desde 2014 a viver em Portugal, depois de estudar em Espanha e também nos EUA, foi por cá que se tornou “preto” e “ilegal”, categorias indissociáveis da sua história, igualmente marcada pelas lutas ativistas, pela música e pela moda.


Cuidar da nossa individualidade diante das pressões do casamento, maternidade e carreira é fundamental, lembra a cantora Kady. Independente por natureza, a artista conta que teve de aprender a estar numa relação em equipa – e não apenas como uma soma de duas pessoas – e, que, consciente de que se deixou anular um pouco após o nascimento do primeiro filho, receou os efeitos da segunda gravidez. “Estava com muito medo de ter uma depressão pós-parto”, revela, partilhando, neste episódio, o processo que a levou a procurar apoio terapêutico.

Nascida e criada na ilha de Santiago, na cidade da Praia, Kady tem raízes profundas na tradição musical cabo-verdiana. Filha da renomada Terezinha Araújo, fundadora do grupo Simentera, e neta de Amélia Araújo, radialista e referência na luta pela Independência, a artista cresceu rodeada de grandes mulheres que definiram e moldaram a sua personalidade. Não estranha por isso que, desde cedo, tenha começado a traçar o seu caminho: na infância venceu concursos de música, e, mais tarde, aprofundou o talento em formações no Brasil e nos EUA. Agora baseada em Lisboa, lançou no final de 2022 "Lumenara", um EP inovador que combina a sonoridade urbana com a essência da música tradicional de Cabo Verde.


Fruto de uma educação punitiva, em que os castigos físicos estavam normalizados, Flávio Landim Gonçalves interiorizou, sem se dar conta, a ideia de que o respeito parental e o bom caráter se constroem com mão de ferro. “Cresci a acreditar que se calhar, se não tivesse levado porrada, teria ido para os maus caminhos, por exemplo”. A crença acabou por marcar os primeiros anos de paternidade, período em que nem sequer se conseguia juntar às brincadeiras do filho mais velho. Para quebrar este padrão relacional de distanciamento, embarcou na parentalidade consciente, tema em destaque neste episódio.

Formado em Sociologia pelo ISCTE, Flávio Landim Gonçalves junta à licenciatura uma certificação em Parentalidade Consciente, e a especialização em Igualdade de Género, conhecimentos que coloca ao serviço de um mundo mais equitativo. Esta é uma missão que cumpre ao comando da associação Men Talks, que “promove reflexões e espaços sobre masculinidades, com o objetivo de construir uma sociedade mais comprometida com a igualdade”. No seu currículo sobressaem também formações em Liderança Servidora (Academia de Líderes Ubuntu), Direitos Humanos (Associação Mais cidadania) e Orientação Sexual e Identidade de Género (UMAR).


Entre o desejo de ser pai, e o medo de falhar nesse papel, Dino d’ Santiago encontrou na terapia um lugar de entendimento. De si próprio e da sua família, que deixou para trás alguns pesos, onde se inclui a história de uma morte trágica. “Queria agradar para me sentir incluído, desagradando-me constantemente”, admite o músico, que, nesta conversa, partilha o seu profundo processo de desconstrução…e de libertação pelo amor. Hoje, em vez de forçar uma existência de “super-humano”, o músico reivindica “apenas” um espaço para ser humano.

Imaginou uma carreira como professor de História da Arte, e também como arquiteto e ilustrador. Mas é na música que Dino D’ Santiago projecta a assinatura profissional, impulsionada em 2003 com a participação no programa televisivo “Operação Triunfo”. Seguiram-se 11 anos de ligação aos Expensive Soul, marcados pelo amadurecimento de uma identidade musical firmada no Soul, Hip-Hop e RnB. Agora a solo, o autor dos álbuns “Mundu Nôbu” e “Kriola” afina a voz e as composições contra o racismo e todas as formas de discriminação, e coloca em evidência que “somos todos crioulos”.


Aos 35 anos, a influenciadora digital Kathy Moeda dá por si a pensar no envelhecimento, e nos cuidados que devem acompanhar esse processo. O olhar para o futuro, em foco nesta conversa, constrói-se a partir de um encontro intergeracional inesperado, que liga quase meio século de diferença de idades. Aproximadas numa altura em que a apresentadora de TV largou tudo em Cabo Verde, para seguir atrás do sonho, em Portugal.

Kathy Moeda tornou-se uma referência televisiva na TCV em Cabo Verde, depois de ganhar notoriedade na moda, durante a formação em Hotelaria e Turismo no Brasil. O seu percurso na televisão começou em 2011, como co-apresentadora do programa "Show da Manhã", papel que ocupou durante uma década. Comunicadora nata, a sua presença mediática estende-se à condução de vários eventos, com destaque, em 2022, para a gala Cabo Verde Music Awards. Atualmente em Portugal para prosseguir os estudos, a apresentadora destaca-se também como influenciadora digital, espaço onde, recentemente, lançou a rubrica "À boleia com Kathy".


“Homem que é homem não chora”. “O lugar da mulher é na cozinha”. “Deixa-te disso, e faz-te homem”. “Aquela não serve para casar”. Crescemos a ouvir estas e outras expressões, que nos (des)educam sobre os papéis de género. Que impacto têm na forma como nos relacionamos com o masculino e o feminino? Será a masculinidade tóxica um efeito dessas construções sociais? Neste episódio, o psicólogo Henda Vieira Lopes aponta caminhos que nos ajudam a separar o homem do masculino, e a construir uma masculinidade positiva e inclusiva.

Henda Vieira Lopes, psicólogo e diretor do Espaço Yanda, acumula mais de 20 anos de experiência na promoção de competências, incluindo uma forte intervenção comunitária. Com uma abordagem afrocentrada, integra práticas ancestrais africanas na psicologia clínica. O seu compromisso visa concretizar o Nzóji (sonho) de um povo africano senhor da sua história. Membro da Associação Portuguesa de Terapia Familiar, técnico em Lisboa e co-fundador da AfroPsis, Henda aborda temas como psicologia, multiculturalidade e racismo, procurando não só devolver o controlo da narrativa negra, mas também contribuir para uma sociedade multicultural mais coesa e equitativa.


Que memórias conseguimos guardar para além daquelas que exibimos no telemóvel? Temos medo de amar? Onde está a força de nos vulnerabilizarmos? E Deus? Onde o podemos encontrar? Podem as mulheres não querer ser mulheres? Neste episódio, Kwenda Lima questiona a sabedoria. Do que somos e podemos ser.

Kwenda Lima nasceu em Cabo Verde, é doutorado em Engenharia Aeroespacial. É fundador do espaço Art Kaizen e criador do Inner Kaizen Humanology - um modo de vida que leva as pessoas a cultivarem o seu eu interior percebendo que são suficientes.


Frente-a-frente com as suas escolhas, Lara Mesquita observa: “Nunca tive uma relação amorosa com um homem negro”. Consciente de que isso não aconteceu por acaso, a actriz, filha de mãe negra e pai branco, reconhece o impacto da ascendência inter-racial nas suas preferências, cedo orientadas para o desejo de branquear a descendência. Hoje em desconstrução.

Lara Mesquita é Licenciada em Teatro - Ramo Actores, pela Escola Superior de Teatro e Cinema, trabalha como actriz desde 2012. Em 2021 estreou a sua primeira criação autoral, intitulada “Sempre Que Acordo”, cujo texto lhe valeu o Prémio Nova Dramaturgia de Autoria Feminina. Já em 2023, o seu projecto “Verão de 98” foi um dos seleccionados do “Pitch Me!”, programa de apoio a “argumentistas emergentes”, lançado pela Academia Portuguesa de Cinema, em parceria com a plataforma Netflix.


Amores, desamores, família, parentalidade, amizades, inseguranças, desconfianças, traições…todos os temas cabem nas nossas conversas. Por termos sempre tanto para falar, decidimos criar este espaço, e convidar outras pessoas para se juntarem a nós.

Georgina Angélica é especialista em Educação e Intervenção Social, Georgina Angélica atua nestas áreas como educadora, formadora, consultora e palestrante, possuindo mais de 20 anos de experiência em Portugal, Inglaterra e Angola, trajetória entretanto direcionada para o desenvolvimento da sua metodologia “Amor e Consciência".

Paula Cardoso é fundadora da rede Afrolink e autora da marca de livros infantojuvenis Força Africana. Tem cerca de 20 anos de experiência no jornalismo, percurso iniciado na revista Visão. Hoje integra o podcast “Os Comentadores”, apresenta o programa de TV "Rumos", transmitido na RTP África, é cronista do Diário de Notícias, e embaixadora do European Climate Pact.


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O Tal Podcast é um programa de Georgina Angélica e Paula Cardoso.Direcção Criativa: Yuri Lopes Pereira
Design: Maria Albertini
Fotografia: André Ventura, Wilson Twice
Música Original: Pedro Bernardino
Uma produção Big Lisbon

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